sábado, 18 de julho de 2009

Epifania

Hoje, no trabalho, estava descansando por 2 minutos após organizar uma sala cheia de caixas com a ajuda de outro funcionário quando comecei a tomar um copinho de café com leite. Após me acomodar dei uma respirada profunda e tomei um gole, então comecei a pensar nos problemas que venho enfrentando e suas possíveis soluções e conseqüências. Durante o “processo de processar” toda essa informação algo me fez congelar por alguns segundos: o gosto do café. Então percebi que naquele tsunami de pensamentos a única coisa que eu não estava fazendo era beber aquele café. Assim que me dei conta disso, parei novamente e após uma nova respirada eu tomei um segundo gole de café e foi uma sensação incrível. Os problemas haviam sumido, eu estava mais relaxado e ao ofegar por causa do cansaço do trabalho lembrei-me também da minha saúde, que até o momento na minha vida não me decepcionou em nada. O café estava exatamente como eu gosto: levemente doce, levemente quente e com mais café do que leite. Veio-me um pensamento como que um relâmpago, o café era real, meus problemas não. Meus problemas são apenas reflexos de um sistema cujo contrato assinado por mim há muito tempo; um sistema onde nascemos mergulhados nele e por isso não enxergamos a grandiosidade da vida; um sistema onde tentam formar sua opinião e moldar seus gostos numa tentativa de padronizar a sociedade; um sistema que reduz a nossa liberdade em troco de uma melhor organização mas que na verdade só nos traz angústia. Esse sistema imposto pelo próprio homem e que hoje não conseguimos mais nos livrar dele. E o mais engraçado de tudo, o que me fez até sorrir no momento em que pensei nisso: ele não é real. Este sistema que está estragando meu sono não é real. Eu estou afundado nele até o pescoço mas ele não é real. O sistema é uma verdade, mas ele não é real e logo, meus problemas eram uma verdade, mas eles não eram reais. Eu posso arrumar dois empregos, eu agüento. Eu posso lutar, eu agüento. Eu posso amar, eu agüento. Eu posso cair, eu agüento. Não desistirei dos meus sonhos e eles não desistirão de mim. Senti-me então como se minha capacidade e minha força não tivessem limites e que poderia resolver tudo, os problemas que estavam em minha mente encolheram absurdamente abrindo espaço para outro inquilino, a esperança. Este sentimento resgatou em minha memória alguns bons momentos recentes que tive... Olhei para o copinho de plástico que segurava... O café que está em minhas mãos é real.
Quando concluí este pensamento, tomei meu terceiro gole de café...

Estava uma delícia.

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