sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ciclo sem fim

Terminei de ler “O que é ideologia?” da Marilena Chauí e digo que me sinto atordoado. Sinto-me como um peão tanto no sentido braçal, força de trabalho, quanto no sentido do brinquedo, como se em minha vida, até agora, apenas tivesse girado e girado e nunca tivesse saído do lugar. Percebi que boa parcela do que me ensinaram nas escolas até agora não tinha como objetivo real me ensinar, mas o de me condicionar. Não aprendi a pensar, apenas me deram uma chave de fenda, me disseram o que fazer com ela e me jogaram na rua. “E agora José?”.

Parei e pensei um instante na bandeira do Brasil, imaginei no lugar da frase “Ordem e Progresso” a frase “Ctrl+C e Ctrl+V”. Todo mundo quer ser como todo mundo e quer o que todo mundo quer. Fazemos parte de uma linha de produção e reprodução humana, um sistema automático e renovável onde as pessoas são movidas por um sonho disfarçado de vários sonhos e onde a sua busca por estes “sonhos” alimentam o processo todo. Qual o seu sonho? É ser rico e/ou famoso? Quem não quer não é? Pensei “se a maioria da população divide o mesmo sonho, porque se matam por ele ao invés de unirem forças?”. Para alguém ganhar algo é preciso que outro perca, só existe vencedor porque existe perdedor. Só existem ricos porque existem pobres e enquanto existirem pessoas querendo ser ricas irá existir pessoas deixadas para serem pobres. O dinheiro possui tanto valor de troca que hoje até sua alma tem preço. Todo ser humano tem um preço e com a população do mundo crescendo cada vez mais nosso valor no mercado também vem caindo e caindo cada vez mais. Quanto maior a população, menor é nosso valor e maior é nossa despesa. Parece-me bem enriquecedor algo em que você tem um custo cada vez mais baixo e um retorno cada vez mais alto. Para manter tudo da maneira como está protegendo o “investimento humano”, recebemos uma felicidade artificial. Alguns esportes, algumas drogas leves, um sistema educacional falido mas polido e um sistema de saúde polido mas falido e pronto! Que legal não é? Eles pensam em nós e cuidam de nós assim podemos continuar atrás de nossos sonhos sem muita preocupação. Então vamos à luta, em busca pelo nosso(s) sonho(s).

É o ciclo sem fim, que fantástico. Lembrei de uma piada que aprendi no colégio: “O homem nasce, cresce, se reproduz e morre”. Brilhante!