quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Reflexão (Proibido para menores de 25 anos).

Alguma vez você já sentiu que podia voar? Alguma vez já teve a sensação de que poderia correr tão rápido que conseguiria chegar aonde quisesse? Alguma vez já se sentiu tão forte que poderia levantar algo que normalmente não conseguiria? É engraçado como essas sensações não são constantes em nossas mentes. De tempos em tempos preciso parar para respirar e me fortalecer, enxergar que apesar das derrotas também tive vitórias e que continuo crescendo e aprendendo, que continuo me desenvolvendo.

Hoje me peguei questionando minha fé. Porque eu acredito? No que eu acredito? Pra quem eu acredito? Apesar de não ser apegado a nenhuma religião específica sempre acreditei que a morte não é o final de tudo, de que realmente existe algo a mais. Se existe céu e inferno? Não sei, me preocupo em ser alguém bom. Se houver céu, ótimo! Se não houver, pelo menos fui um filho da puta a menos na Terra.

Pensei sobre a questão do livre arbítrio, da liberdade de escolha. Talvez o livre arbítrio seja um poder que é extreamente desvalorizado porque, talvez, não se refira apenas a livre escolha, talvez ele esteja relacionado também à plenitude. Somos seres plenos, conseguimos fazer o que qualquer outro animal no mundo fez até hoje e, enquanto não aparecerem ETs, do universo. Temos a capacidade de pensar e planejar, sentir e refletir, amar e cuidar, de aprender e de criar, somos ao mesmo tempo seres complexos e simples. Acredito que o livre arbítrio seja a nossa plenitude SOMADA à nossa inteligência e não algo tão simples como costumamos pensar ou pior, separados. Alma e corpo trabalham juntos a vida toda, se um definhar o outro sofrerá as conseqüências.

Voltei à questão da fé, de acreditar. Acreditar. É fantástico a perseverança que as pessoas possuem por acreditar. Acreditar não é tão simples, não basta ter o conhecimento, você tem que carregar aquilo dentro de você, precisa conhecer de fato e ter a convicção de que aquilo é verdadeiro. É lutar por algo com a certeza de que tudo vai dar certo mesmo com uma chance de dar errado, a famosa esperança. É abraçar uma causa pelos seus princípios e não pelos seus temores. Acreditar as vezes dói, acreditar as vezes lhe salva. Esperança pode se tornar tanto felicidade quanto angústia, mas sem esperança não há mudança.

Eu acredito, que enquanto vivo, o conhecimento me mostrará verdades com as quais jamais sonhei pensar, mas jamais devo ser somente conhecimento, senão deixo de ser humano. Acredito também que as pessoas são o maior tesouro da humanidade e que infelizmente a coisa caminha para um rumo triste, mas não posso ser somente coração, senão serei abatido pelas adversidades da vida. Como disse Che Guevara, "Há que endurecer-se, mas sem perder a ternura, jamais." Tenho que ser conhecimento e coração juntos, senão serei apenas mais uma ferramenta à disposição de quem quiser me usar.

Depois de pensar isso eu parei e refleti um pouco, percebi que ao acreditar em algo, acreditar de verdade, nos fortalecemos, ao nos fortalecemos ganhamos coragem, ao ganhar coragem, não vemos barreiras para atingir nossos objetivos, nos sentimos fortes, àgeis, como se pudéssemos voar... Lembrei das coisas que gostava de fazer, das boas notícias que estão a caminho e me senti tranquilo, feliz e relaxado. Sentei no sofá, apoiei a cabeça para trás e cochilei sentado mas tão confortável como se estivesse deitado em uma cama nova. Mais um ano vem pela frente, a vida pode mudar em questão de segundos e um ano tem MUITOS segundos, então, farei bom uso da esperança aliada à minha fé para que esteja forte quando as adversidades da vida baterem em minha porta.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ciclo sem fim

Terminei de ler “O que é ideologia?” da Marilena Chauí e digo que me sinto atordoado. Sinto-me como um peão tanto no sentido braçal, força de trabalho, quanto no sentido do brinquedo, como se em minha vida, até agora, apenas tivesse girado e girado e nunca tivesse saído do lugar. Percebi que boa parcela do que me ensinaram nas escolas até agora não tinha como objetivo real me ensinar, mas o de me condicionar. Não aprendi a pensar, apenas me deram uma chave de fenda, me disseram o que fazer com ela e me jogaram na rua. “E agora José?”.

Parei e pensei um instante na bandeira do Brasil, imaginei no lugar da frase “Ordem e Progresso” a frase “Ctrl+C e Ctrl+V”. Todo mundo quer ser como todo mundo e quer o que todo mundo quer. Fazemos parte de uma linha de produção e reprodução humana, um sistema automático e renovável onde as pessoas são movidas por um sonho disfarçado de vários sonhos e onde a sua busca por estes “sonhos” alimentam o processo todo. Qual o seu sonho? É ser rico e/ou famoso? Quem não quer não é? Pensei “se a maioria da população divide o mesmo sonho, porque se matam por ele ao invés de unirem forças?”. Para alguém ganhar algo é preciso que outro perca, só existe vencedor porque existe perdedor. Só existem ricos porque existem pobres e enquanto existirem pessoas querendo ser ricas irá existir pessoas deixadas para serem pobres. O dinheiro possui tanto valor de troca que hoje até sua alma tem preço. Todo ser humano tem um preço e com a população do mundo crescendo cada vez mais nosso valor no mercado também vem caindo e caindo cada vez mais. Quanto maior a população, menor é nosso valor e maior é nossa despesa. Parece-me bem enriquecedor algo em que você tem um custo cada vez mais baixo e um retorno cada vez mais alto. Para manter tudo da maneira como está protegendo o “investimento humano”, recebemos uma felicidade artificial. Alguns esportes, algumas drogas leves, um sistema educacional falido mas polido e um sistema de saúde polido mas falido e pronto! Que legal não é? Eles pensam em nós e cuidam de nós assim podemos continuar atrás de nossos sonhos sem muita preocupação. Então vamos à luta, em busca pelo nosso(s) sonho(s).

É o ciclo sem fim, que fantástico. Lembrei de uma piada que aprendi no colégio: “O homem nasce, cresce, se reproduz e morre”. Brilhante!

sábado, 18 de julho de 2009

Epifania

Hoje, no trabalho, estava descansando por 2 minutos após organizar uma sala cheia de caixas com a ajuda de outro funcionário quando comecei a tomar um copinho de café com leite. Após me acomodar dei uma respirada profunda e tomei um gole, então comecei a pensar nos problemas que venho enfrentando e suas possíveis soluções e conseqüências. Durante o “processo de processar” toda essa informação algo me fez congelar por alguns segundos: o gosto do café. Então percebi que naquele tsunami de pensamentos a única coisa que eu não estava fazendo era beber aquele café. Assim que me dei conta disso, parei novamente e após uma nova respirada eu tomei um segundo gole de café e foi uma sensação incrível. Os problemas haviam sumido, eu estava mais relaxado e ao ofegar por causa do cansaço do trabalho lembrei-me também da minha saúde, que até o momento na minha vida não me decepcionou em nada. O café estava exatamente como eu gosto: levemente doce, levemente quente e com mais café do que leite. Veio-me um pensamento como que um relâmpago, o café era real, meus problemas não. Meus problemas são apenas reflexos de um sistema cujo contrato assinado por mim há muito tempo; um sistema onde nascemos mergulhados nele e por isso não enxergamos a grandiosidade da vida; um sistema onde tentam formar sua opinião e moldar seus gostos numa tentativa de padronizar a sociedade; um sistema que reduz a nossa liberdade em troco de uma melhor organização mas que na verdade só nos traz angústia. Esse sistema imposto pelo próprio homem e que hoje não conseguimos mais nos livrar dele. E o mais engraçado de tudo, o que me fez até sorrir no momento em que pensei nisso: ele não é real. Este sistema que está estragando meu sono não é real. Eu estou afundado nele até o pescoço mas ele não é real. O sistema é uma verdade, mas ele não é real e logo, meus problemas eram uma verdade, mas eles não eram reais. Eu posso arrumar dois empregos, eu agüento. Eu posso lutar, eu agüento. Eu posso amar, eu agüento. Eu posso cair, eu agüento. Não desistirei dos meus sonhos e eles não desistirão de mim. Senti-me então como se minha capacidade e minha força não tivessem limites e que poderia resolver tudo, os problemas que estavam em minha mente encolheram absurdamente abrindo espaço para outro inquilino, a esperança. Este sentimento resgatou em minha memória alguns bons momentos recentes que tive... Olhei para o copinho de plástico que segurava... O café que está em minhas mãos é real.
Quando concluí este pensamento, tomei meu terceiro gole de café...

Estava uma delícia.